sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A cabeça do povo brasileiro

Quando os Jogos Olímpicos começaram eu achava que a cabeça dos brasileiros com relação a participação brasileira havia mudado. E mudou. Antes, todas as medalhas eram comemoradas, mas as finais, posições importantes e colocações que superam as expectativas mas não chegavam ao pódio eram esquecidas. Agora, até mesmo as medalhas de prata e bronze são pouco comemoradas e as pessoas só estão se importando com a medalha de ouro.
Pessoas que não acompanham o esporte durante quatro anos voltam todas as expectativas para os Jogos Olímpicos, inclusive a mídia brasileira que põe todas as expectativas em atletas que realmente não estavam cotadas entre os medalhistas, como Jade na ginástica, Jadel no atletismo, Tiago Pereira na natação, Edinanci no judô etc…

Ser campeão no mundial agora virou demérito. Os três medalhistas de ouro no ano passado não conseguiram repetir o feito em Pequim, assim como 12 dos 14 campeões e são criticados como decepções. Poxa, dos 14 campeões mundiais de 2007 apenas dois repetiram o feito com o ouro em Pequim. Apenas quatro países ganharam três medalhas ou mais no judô e nós fomos um deles! E todos criticando os judocas brasileiros. E quem critica é sempre aquele que fica quatro anos sem ver nada sobre o esporte, chega na época das olimpíadas, compra um guia das Olimpíadas e ve as matérias especiais de televisões e vê: Brasil tem três campeões mundiais! Descobre os nomes e se estes não forem ouro são xingados!

Tiago Pereira é quarto colocado numa prova que tem o gigante Michael Phelps, o dono de cinco medalhas olímpicas Ryan Lotche e Lazlo Cseh, que levou quatro medalhas em Pequim. E é criticado por ter sido quarto lugar nesta prova pelo fato de ele ter sido campeão pan-americano seis vezes ano passado. Mais uma vez ter sido campeão vira demérito.
Todos sabiam do problema psicológico que tem Jade Barbosa e a maioria das atletas da equipe de ginástica. Ninguém acompanha elas nestes quatro anos, a não ser nos Jogos Pan-americanos. Nossa atleta cai, chora e é recebida com risadas por todos que mal sabem que ela conseguiu o melhor resultado da história da ginástica, assim como toda a equipe.

Quem critica são exatamente aqueles que ficam sabendo das chances de medalhas pela mídia em geral, que coloca atletas muito bons, mas não os melhores do mundo, entre os cotados para uma medalha. São aqueles que nunca tinham ouvido falar de Márcio e Fábio Luiz, mas que o criticam pela derrota no tie breake de uma final olímpica, sem saber que quem era favorita era a dupla adversária, número 1 do mundo.

Se alguém merece crítica nessa delegação não são os medalhistas que deixaram o ouro escapar e sim atletas como os do futebol e do hipismo que são milionários, treinam fora e tem todo o apoio que podem. Por que Rodrigo Pessoa, que mal fala português, nasceu na França, quase desistiu de vir para o Brasil disputar os Jogos Pan-americanos e tem toda a infra instrutura européia é aplaudido pelo quinto lugar e as pessoas reclamam dos sofridos atletas do atletismo e da ginástica que tem um péssimo apoio no Brasil?

Obviamente esperava mais da participação brasileira nos Jogos, esperava medalhas de Diego Hipólito, João Derly, volei de praia feminino. Mas se essas não vieram os menos culpados são os atletas, que treinam quatro anos para um objetivo e se conseguem recebem um tapinha nas costas. Se não conseguem são xingados de amarelões até que conquistem um ouro olímpico!A real culpa é da imprensa brasileira que coloca expectativa em quem não deve e principalmente quem não acompanha nada de esporte durante quatro anos, chega nos Jogos Olímpicos e tem ataques de anti brasileirismo falando que somos os piores do mundo, sem ao menos saber as reais possibilidades do Brasil.

Falta dinheiro, falta apoio, faltam técnicos, falta estrutura, falta público em torneios nacionais, faltam transmissões de TV, falta espaço na mídia, faltam psicólogos! Mas o que não falta é vontade e raça dos nossos atletas que se vencem são esquecidos rapidamente mas se perdem são lembrados para a história como amarelões.TEMOS QUE PASSAR A ESQUECER OS ERROS E LEMBRAR DOS CAMPEÕES! Faça um exercício você mesmo. Tente lembrar as 10 medalhas conquistadas pelo Brasil até agora. Provavelmente você vai precisar de uma ajuda da wikipedia para lembrar. Tente lembrar as “”decepções”". Com certeza você lembrou de todas! Essa é a cabeça do brasileiro, ao invés de exautar os campeões xingam os que não ganham!

3 comentários:

pitf disse...

Concordo contigo em muito do que você disse Guilherme é alarmante o deserviço que nossa imprensa aberta faz no sentido da promoção de nosso esporte o que aliado com a baixa escolaridade média de nossa população e pouca cultura esportiva desperdiça uma oportunidade única como os Jogos olímpicos para promover ao menos uma conscientização "olímpica" nos brasileiros.
Objetivando audiência a imprensa "vende" uma expectativa falsa para a população e depois aniquila nossas "esperanças" semelhantemente como se faz nas chamadas dos nossos telejornais e aqueles que não estão acostumados a acompanhar o esporte são facilmente ludibriados nesse estratagema.
E o que é pior é que a imprensa aberta costuma transmitir apenas os "esportes de sempre" desperdiçando oportunidade de fazer o público leigo de conhecer novas modalidades.
Triste, muito triste ter visto em alguns fóruns na internet mensagem tipo "Cadê os atletas do Pan?", mostrando claramente a falta de parâmetro na avaliação do nível da competição, ou outras como no Kibeloco dizendo que o Bradesco patrocinou o nadador "errado".
Eu também tinha uma inocente esperaça que os Jogos Pan Americanos do ano passado pudessem influenciar uma melhor cultura esportiva, mas o que vimos foi que esse evento serviu mais para a população se entregar a sonhos megalomaníacos infundados. Jogar a toalha? Não ainda não, só promovendo enventos de nível mundial várias modalidades é que poderemos tentar educar esportivamente a população. Sediar os Jogos em 2016? Acho muito precoce, acho que temos condições de promover o Pan ou até a Copa do Mundo de futebol, mas Olimpíadas ainda é um pouco distante.
Mas assim como critiquei a imprensa aberta vou dar créditos à 'fechada', muitíssimo produtiva a entrevista da Natália Falavigna ontem no Sportv, medalha essa que para mim foi a mais importante por se tratar de um esporte marginalizado no país, a Natália falando que tinha um objetivo e se a confederação não lhe dava todo o suporte que precisava ela se empenhou a buscar ajuda psicológica, física e treinamentos. É claro que nem todos os atletas tem esse nível de consciência, mas mostra que há um caminho bem estabelecido rumo ao progresso.
Alguns pontos positivos "ocultos" para o Brasil:
Ginástica Artística, quem assistiu pelo menos Sidney 2000 percebe o progresso impressionante dessa modalidade,
Handball feminino, quem diria que enfrentaríamos uma Hungria ou Alemanha de igual para igual há uns 10 anos? Esse esporte que tanto é presente nas escolas brasileiras tem muito a evoluir.
Boxe: Dois puglistas que estiveram a uma vitória do bronze.

Por outro lado eu não poderia deixar de criticar as declarações do Nuzman um tanto conformistas sobre o desempenho do Brasil nos Jogos. Até aceitaria semelhantes comentários de um jornalista ou mero fã de esporte, mas ele como dirigente do COB falhou severamente em utilizar diferentes parâmetros na avaliação nacional, me refiro á comparação com Cuba na questão de medalhas de ouro e bem se sabe que o "carro-chefe" dos ouros cubanos há um certo tempo é o Boxe, esporte que sofre severamente com deserções de atletas, sem contar com os terríveis problemas econômicos do arquipélago.
Comparação com a Grécia, bem se sabe que o fator sediar o evento influencia no desempenho da nação, o que ocorreu em 2004.
Penso que ele com a responsabilidade que tem deveria ser mais visionário pois por mais aspectos positivos que tivemos nesses Jogos estão ainda muito distantes de atingir o patamar que nossa potencialidade permite sonhar.
Não se pode esquecer do triste declício do basquete, esporte que já foi o segundo na preferência nacional, o altletismo vivendo eternamente de talentos esporádicos e com muitos atletas sequer conseguindo repetir suas melhores marcas. Por mais que a medalha fosse distante é preciso deixar o seu melhor na competição e isso é falta de melhor preparo psicológico e de familiaridade com competições de alto nível - não me refiro aos que participam da Golden League que de fato fizeram o melhor que podiam.
Além de fao de não termos pespectivas de evolução em esportes que certamente poderíamos dominar como a canoagem, o remo ou o ciclismo.

A parte que não concordo é com as críticas ao Rodrigo Pessoa ou a time de futebol masculino. O Rodrigo compete pelo Brasil por opção e bem se sabe que no hipismo é "70% do cavalo e 30% do cavalero" e não todo dia que se tem um Baloubet - "o Pelé da modalidade" - segundo o comentarisra da Espn, ao seu lado.
Quanto ao time de futebol sabemos que não existe planejamento olímpico nessa modalidade e isso não é só com o Brasil, não existem outros torneios sub-23, é um torneio que está muito mais associado com as individualidades e talvez por isso tenhamos vistos nos últimos anos uma presença africana tão forte, quando tais seleções não apresentam semelhante desempenho nas competições "profissionais" apesar de terem muitos dos principais atletas do cenário mundial.

Parabéns aos nossos atletas que fizeram o seu melhor, começa agora mais um ciclo olímpico, que eles se dediquem aos seus objetivos para daqui a quatro anos termos novamente a oportunidade de ver o mundo inteiro sonhar o mesmo sonho.

pitf disse...

Só mais um comentário que eu insistentemente faço em alguns fóruns na internet se refere ao Vôlei de quadra masculino do Brasil que por muito tempo foi anunciado como imbatível pela imprensa aberta.
Bem me lembro ano passado as vésperas do Pan na fase final da Liga o Brasil perde para a Bulgária e fica necessitando de combinações de resultados para se classificar para a final da competição. Acredite: nenhum, isso mesmo nenhum noticiário esportivo aberto do país, ao menos os mais conhecidos, noticiou esse fato, digo isso convictamente porque na época eu assistia a todos eles.
As notícias sobre a Liga só voltaram a circular depois que o Brasil passou a vencer e acabar sendo campeão.
Depois disso nunca mais assistir a tais programas e nem a similares que vi apresentadores esportivos, após o Pan, fazerem perguntas aos nossos jogadores do tipo: "Você são imbatíveis mesmo, conseguem se lembrar da última vez que perderam?" E quando os atletas mencionavam o jogo com a Bulgária os apresentadores rapidamente mudavam de assunto.

Guilherme Giorgi Costa disse...

George, é muito bom ter alguem como vc para discutir. Alguem com argumentos sérios e embasados, apesar de eu não concordar com alguns.

Gostaria de terr seu e-mail ou alguma coisa do genero para conversar com vc, é melhor do que ficar respondendo seus comentarios
desde jah um forte abraço1